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Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha; pois o remendo forçará a roupa, tornando pior o
rasgo. Nem se põe vinho novo em vasilha de couro velha; se o fizer, a vasilha rebentará, o vinho se derramará e a
vasilha se estragará. Ao contrário, põe-se vinho novo em vasilha de couro nova; e ambos se conservam. (Mateus
9:16, 17)
Em nossos dias o tema da ‘renovação da igreja’ brota prodigamente dos lábios de incontáveis cristãos. Não
podemos ir muito longe no mundo cristão de hoje, sem ouvir uma exortação sobre a necessidade de uma maior
unidade no Corpo do Ungido, a importância do sacerdócio de todos os crentes, a urgente necessidade de destruir
todas as barreiras feitas pelo homem, a crescente demanda de um poder espiritual mais pleno, e o radical chamado ao
evangelismo mundial.
Embora nenhum destes temas seja novo nem original, atualmente os mesmos estão chamando a atenção de
muitos cristãos modernos. Estas modernas correntes de renovação espiritual não estão fluindo exclusivamente de
nenhuma linha específica do Corpo do Ungido em particular. Mais que isso, estão sendo proclamadas através das
linhas denominacionais e tradicionais. Na realidade, estes realces bíblicos de renovação eclesial refletem o genuíno
movimento do Espírito de Deus entre seu povo. São canais do vinho, do vinho novo, que em nossos dias representa a
vida e o ministério do Espírito Santo no mundo.
Mas o depoimento do Espírito Santo também está indicando algo mais —algo que toca uma nota mais
profunda. Mediante uma voz mais aprazível, ainda que não menos fervente, Deus está convidando a sua amada noiva
a que examine, com frescor, o próprio contexto em que ela assume que tenha de ocorrer a renovação espiritual.
Assim, emergindo no horizonte religioso se pode detectar uma corrente mormente oculta, mas crescente, de cristãos
comuns e correntes, a qual Deus está usando para requerer a Sua igreja (a igreja do NT) a que retorne à simplicidade
e à vitalidade das práticas neotestamentárias.
Portanto, o presente ônus do Espírito Santo está centrado desprender o povo de suas incrustadas tradições
humanas concernentes ao governo, a prática e a organização da igreja, e fazer voltar a igreja ao completo senhorio do
Senhor Jesus Cristo. Para dizê-lo de outro modo, o Espírito de Deus não só está falando do vinho; também está
falando a respeito do odre.
Sem dúvida alguma, a corrente atual que põe ênfase na renovação espiritual e no poder apostólico, é
deveras genuína e conserva um discernimento bíblico. Contudo, este outro rio de vida, cujo tom distintivo é a
recuperação da prática e vida apostólicas, está abrindo canais mais profundos para o propósito eterno de Deus. Ainda
que esta última corrente seja menos abrangente e importuna do que a anterior, não obstante reflete os mais profundos
anseios do bendito Salvador por seu Noiva. Não pode haver uma plena recuperação do poder apostólico, se primeiro
não houver um resgate da prática e vida apostólicas.
A história da igreja está cheia de exemplos que demonstram como praticamente toda renovação passada foi
plena de obstáculos, pelo vinho novo ser rotineiramente reenvasado em odres velhos. Ao dizer odres velhos, refiro-me
a essas estruturas eclesiásticas tradicionais que foram copiadas seguindo o velho sistema religioso judeu —um
sistema que separava o povo de Deus em duas classes diferentes, requeria a presença de mediadores humanos, erigia
edifícios sagrados e punha ênfase nas formas externas. As facetas do odre velho são muitas: a distinção clero/leigo, a
reunião eclesial de estilo espectador/ator, o sistema de pastor único, o culto de adoração programado, o sacerdócio
passivo, o complexo de edifícios, etc. Todas estas facetas representam formas veterotestamentárias em vestimentas
neotestamentárias.
Em consequência, o presente clamor do Espírito Santo por uma genuína renovação, não virá ser nunca uma
realidade para aqueles que ignoram sua concomitante voz com respeito à demanda de um novo odre —algo que
represente o odre novo que foi criado e formado por aqueles a quem o Senhor Jesus lhes confiou o vinho novo de seu
Espírito.
Ainda que não poucos supuseram que Deus deixou o odre da prática eclesial mormente aos desejos
pragmáticos de homens bem intencionados, o Senhor não nos deixou a nós mesmos o que diz respeito à prática de
sua igreja. Muito com frequência esquecemos que a igreja pertence a Jesus Cristo e não a nós! Igual que no tipo
veterotestamentário, nem um prego do tabernáculo foi deixado à imaginação do homem. Antes, a casa teve de ser
edificada "conforme o modelo" dado de cima.
Não digo isto para sugerir que o Novo Testamento nos proporciona um rigoroso, minucioso e meticuloso
plano para a prática da igreja. De fato, é um crasso erro tratar de obter das epístolas apostólicas um inflexível código
de regras escrito para a ordem eclesial, que seja tão inalterável como a lei dos medos e persas (um código escrito
semelhante pertence ao outro lado da cruz). Por outra parte, o Novo Testamento obviamente proporciona vários
princípios e práticas claramente definidos, que têm de reger a casa espiritual de Deus. E são estes princípios e
práticas que compreendem o ‘modelo divino’ para a ekklesia (igreja).
Nisto reside o objetivo do presente livro: é uma tentativa de proporcionar uma descrição do odre que Deus
ordenou que contenha seu vinho novo. Cada capítulo pinta um aspecto da assembleia local como vem representada
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no bojo do Novo Testamento. E fundamentando cada pincelada, há um solene argumento para reconhecer os
soberanos direitos do Senhor Jesus sobre sua casa.
Não sejamos tão néscios a ponto de supor que se retemos os velhos odres de nossa preferência, poderemos
guardar o vinho novo do Espírito de Deus. Como nosso Senhor declarou, quando os homens jogam vinho novo em
odres velhos, "os odres se rompem, e o vinho se derrama". É nosso desejo que o Senhor trate radicalmente com
nosso coração, para que recebamos humildemente o novo veio que Ele está tentando derramar, bem como que
também o ajuste à forma do odre que Ele preparou. De fato, esta é a única maneira pela qual podemos assegurar a
plena liderança do Ungido (como Cabeça) em sua igreja. Por contraste, nossa recusa em nos desprender de nossos
velhos odres seguirá limitando sua mão soberana e contristando seu terno coração.
Que o Senhor nos ajude a reconsiderar seriamente o odre.

Frank A. Viola (Trecho do Livro)

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